A 17ª Plenária Estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Santa Catarina reuniu 250 trabalhadores e trabalhadoras de todas as regiões do estado na última semana. Foram dois dias de debates e construção de estratégias de luta frente às mudanças no mundo do trabalho.
A abertura, no dia 15, foi marcada por uma mística emocionante que reafirmou a luta pela liberdade de Sônia Maria de Jesus. Logo após, dirigentes sindicais, lideranças políticas, representantes de movimentos sociais e entidades parceiras da CUT reforçaram a importância do encontro.
Entre os oradores, o representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Rodrigo Timm; o deputado estadual Fabiano da Luz; Ideli Salvatti, ex-senadora e representante do Instituto Humaniza SC; e Crystiane Peres, supervisora do Escritório do DIEESE em Santa Catarina. Representando a CUT Nacional, participaram Rosane Bertotti, secretária de Formação; Juvandia Moreira, vice-presidenta; Valeir Ertle, secretário de Assuntos Jurídicos; e Renê Munaro, diretor.
A presidenta da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues, destacou que o tema central da plenária, “Novos tempos, novos desafios”, está diretamente ligado ao momento político e econômico do país, mas reforçou que este também é um espaço para manter viva a campanha por #SôniaLivre. Ela lembrou que a construção do evento passou por plenárias realizadas nas seis regionais, garantindo que a base fosse ouvida.
A manhã seguiu com a mesa de análise de conjuntura, que reuniu a vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira; a diretora técnica do DIEESE, Adriana Marcolino; e o coordenador geral do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense da UFSC, Lauro Mattei.
No período da tarde, os participantes se dividiram em grupos para debater a estratégia e o plano de lutas nacional, com possibilidade de apresentar emendas ao texto-base que será levado à plenária nacional da CUT.
A manhã do dia 16 começou com a participação do jornalista Leandro Demori, que trouxe uma análise sobre os desafios da comunicação para movimentos sociais em um cenário de concentração de poder das big techs. Ele ressaltou que plataformas como Twitter, Meta e Google se transformaram em verdadeiras indústrias globais, maiores que o petróleo ou a indústria automobilística, cujo objetivo central não é o lucro imediato, mas o controle do fluxo de informações em escala mundial.
Demori alertou que, dentro dessas plataformas, a entrega de conteúdos é manipulada por interesses econômicos, beneficiando empresas que podem pagar para ampliar o alcance de suas mensagens, enquanto organizações populares e movimentos sociais encontram barreiras para chegar até mesmo a seus próprios seguidores. Ele lembrou os riscos da dependência tecnológica, questionando quem garante a segurança de dados estratégicos da Justiça brasileira ou de empresas públicas.
A seguir, delegados e delegadas aprovaram emendas ao plano de lutas e à estratégia estadual e nacional da CUT, com destaque para o fortalecimento da formação política, a organização da base e o financiamento sindical.
Um dos momentos marcantes foi a aprovação das mudanças estatutárias que criaram as Secretarias de Economia Solidária e LGBTQIA+. A conquista foi celebrada com um ato simbólico de grande emoção, em que bandeiras e lenços coloriram o plenário em defesa da diversidade e dos direitos humanos. As secretarias terão sua primeira eleição de dirigentes no próximo congresso.
A plenária também aprovou alterações na Direção Estadual da CUT-SC. Encerrando os trabalhos, foi apresentada e eleita por aclamação a delegação catarinense que representará a CUT-SC na Plenária Nacional da CUT, construída de forma unitária entre as diferentes forças políticas do estado.
Entre as moções aprovadas, a de apoio à reestatização da Eletrobras e a de repúdio à proposta de reestruturação da Celesc.
Com essa jornada de debates, decisões e conquistas, a 17ª Plenária Estadual da CUT-SC reafirma sua força e compromisso com a organização, resistência e luta da classe trabalhadora catarinense e brasileira.
Com informações de Pricila Baade/CUT-SC