Polícia Militar agride com fogo pessoas em situação de rua em Florianópolis

Era uma noite de chuva e frio, mas isso não impediu a tortura policial

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Nesta segunda-feira, dia 12, às 23h20, cerca de seis policiais militares agrediram covardemente pessoas aparentemente em situação de rua que dormiam embaixo da marquise do prédio do INSS, na rua Marechal Guilherme, centro da capital.

Em um trecho do vídeo que circula nas redes sociais, possivelmente filmado da janela de um apartamento, um dos policiais ateia fogo no papelão para queimar, mais de uma vez, os civis que estavam deitados. Golpes com cassetetes também foram desferidos nas costas das pessoas, além de chutes e agressões verbais.

Era uma noite chuvosa e fria, com temperatura mínima de 15 graus, e os policiais, pagos com dinheiro público para proteger a sociedade de criminosos, preferiram intimidar e expulsar pessoas que simplesmente dormiam na calçada pública.

 Veja o vídeo no link abaixo: 

https://www.instagram.com/reel/DJl0H9jAOpH/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

A Polícia Militar publicou a seguinte nota de esclarecimento na terça-feira, dia 13: “Os devidos fatos serão objeto de inquérito policial militar (IPM), com o objetivo de apurar todas as circunstâncias envolvidas e individualizar eventuais condutas que possam configurar crime por parte de profissionais envolvidos.A corporação esclarece que não compactua com qualquer tipo de excesso ou violência e que preza pela atuação dentro dos princípios legais, respeitando os direitos humanos e a dignidade de todos os cidadãos. Após a conclusão da apuração, o procedimento será encaminhado para apreciação do Ministério Público e do Poder Judiciário, conforme previsto na legislação”.

A prefeitura de Florianópolis, em nota à NSC, disse que: “O fato precisa ser apurado pela Polícia Militar. É importante destacar também que, cada vez mais, nas ações diárias da Prefeitura, os agentes encontram pessoas em situação de rua portando armas, facas e, principalmente, fazendo o uso de drogas, comprovando que essa população que chega na cidade está mais agressiva. Recentemente, provocaram incêndios em vias públicas. A administração municipal oferece alimentação diária e cursos de capacitação na passarela da cidadania para aqueles que desejam ser reinseridos na sociedade e no mercado de trabalho. Além disso, viabiliza passagem para que eles possam retornar à cidade de origem e para o apoio da família”.

 A passarela da cidadania é o único local que a prefeitura disponibiliza para pessoas em situação de rua dormirem e se alimentarem, o espaço era utilizado originalmente para desfiles de Carnaval e agora vem sendo utilizado como um “depósito de pessoas”, termo utilizado pelo Relatório do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) devido à sua condição precária. Florianópolis tem 3.725 pessoas em situação de rua de acordo com o CadÚnico, já a Passarela da “cidadania”, tida como solução pela prefeitura, possui apenas 250 vagas. E quanto aos 3.475 que não cabem na passarela? Também não podem se abrigar da chuva em espaços públicos?

Imagem: Floripacentro

 O único restaurante popular da cidade, que atende gratuitamente pessoas em situação de rua, foi fechado em fevereiro deste ano. Quais são as verdadeiras opções para quem não tem um teto para dormir?

Pão com ovo servido na Passarela da Cidadania durante café da manhã do dia 26 de maio de 2023. Foto: Anthony Cervinski

 Os sindicatos da Intercel e da Intersul acompanharão as atualizações sobre as pessoas tortura das pela Polícia Militar. Dignidade humana é o mínimo!

 

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