Livro “Assistida” aborda (in)fertilidade em relato íntimo

Autora Sabrina Alvernaz compartilha sua experiência com fertilização in vitro e reflexões sobre ser mulher-tentante

0
7
Foto: Tamires Dutra

 “Assistida”, de Sabrina Alvernaz, é um registro da intimidade cotidiana de uma mulher que se descobre infértil. O relato autobiográfico descortina, com sensibilidade, as experiências desde mulher-tentante, passando pelas esperanças e ansiedades que envolvem a reprodução humana assistida (fertilização in vitro) até as primeiras vivências da gestação. 

Narrado em primeira pessoa, o diário bem-humorado é constituído de uma prosa poética que reúne brevidade na forma e densidade de conteúdo. Uma experiência de escrita inédita para a autora, acostumada ao meio acadêmico. Como diz o prefácio, escrito por sua prima, poeta e professora de literatura Juliana Alvernaz, o livro narra a história da gestação de Sabrina como mãe, um relato quase diarístico de uma fertilização in vitro, sobre as angústias da maternidade e do caminho para se chegar a ela. 

“Tenho formação em literatura e uma trajetória acadêmica longa, por isso estou acostumada a uma linguagem mais impessoal, a um contexto em que para afirmar alguma coisa é preciso citar mil referências. De repente, me vi fazendo uma escrita íntima, gostosa e muito leve, apesar de ter uns capítulos pesados e tristes. Essa experiência nova se tornou uma escrita terapêutica, o oposto do que eu estava acostumada”, comenta  a autora.  

Em um dos primeiros relatos do livro, Sabrina conta que desconhecia a palavra com a qual a sociedade decidiu nomear as mulheres que querem engravidar, mas ainda não conseguiram. De repente, viu-se “tentante” e precisava lidar com isso. “Optei por não me apresentar dessa forma, numa clara resistência ao fato de que se eu “estava tentando” ou se eu era “uma tentante”, significava que eu não era “mãe” ou, pior, talvez nunca pudesse ser.”, conta ela no livro. Memórias, diagnósticos de endometriose e trombofilia, a questão de contar ou não para amigos e familiares e até frases-pérola que ouviu durante o processo de fertilização também estão nos relatos da autora.

 Sabrina é doutora em Literatura pela UFSC (2023), com tese indicada ao Prêmio CAPES de Tese 2024. É graduada em Letras pela UERJ (2008), mestre em Estudos da Linguagem pela PUC-Rio (2011) e tem mais de dez anos de experiência como pesquisadora e professora em instituições federais. Mora em Florianópolis desde 2018 e é também autora do livro “Sangue, cauim e cerveja” (2015).

 “Em ‘Assistida’, não prometo sucesso nem soluções. É muito comum encontrar pessoas oferecendo cursos e fórmulas para tentantes que prometem êxito. Como é um momento em que a mulher está muito fragilizada e desejando ser mãe, muita gente acaba utilizando esse discurso. O livro, por outro lado, é reflexivo, as leitoras podem acompanhar e se identificar a partir de questões que envolvem a maternidade, pois acredito que, no meu mais íntimo, eu me conecto com milhares de mulheres. É uma abertura ao diálogo”, finaliza a autora.

 Para mais informações, basta acessar o site www.assistida.com.br.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui