“Homens, não nos matem mais!”

Essa luta é de todos nós, mulheres e homens!

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Catarina Kasten - Foto: Reprodução/Redes Sociais

 A frase título dessa matéria foi gritada por diversas mulheres que participaram da manifestação no último sábado, dia 22, contra a morte da professora Catarina Kasten, de 31 anos, na trilha da Praia do Matadeiro, no Sul da Ilha, em Florianópolis. Catarina dava aulas de inglês e era aluna do Programa de Pós-Graduação em Inglês em Estudos Linguísticos e Literários na UFSC. Ela saiu de casa para uma aula de natação na sexta-feira, dia 21, pela manhã, e não retornou. No caminho, de acordo com a polícia, ela teria sido asfixiada, violentada e morta por um homem de 21 anos. O suspeito tem outra acusação de estupro de uma mulher de 69 anos junto à Polícia Civil e foi identi f icado por meio de imagens de câmeras na área da trilha.

Ainda na manifestação do último sábado contra a violência contra a mulher, diversas pessoas lembravam de outras centenas de mulheres violentadas e mortas em Santa Catarina e no Brasil pelo simples fato de serem mulheres.

 Santa Catarina segue convivendo com um cenário doloroso de violência extrema contra as mulheres. De janeiro a outubro de 2025, 38 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado, segundo dados oficiais, e só neste mês (novembro de 2025), nove mulheres já foram assassinadas. Em 2024, foram 51 vidas interrompidas, e nos últimos cinco anos mais de mil mulheres sobreviveram a tentativas de feminicídio. Cada número tem por trás um nome, uma história, uma família devastada.

 De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, isto é, de quase uma década após a entrada em vigor da lei do feminicídio, no último ano, todos os dias, ao menos quatro mulheres morreram vítimas de feminicídio no Brasil. No total do ano, foram 1.492 mulheres. É o maior número já observado desde 2015, quando a lei do feminicídio entrou em vigor.

 Em outra pesquisa, divulgada na semana passada pelo Instituto DataSenado, com entrevistas com mais de 22 mil brasileiras, foi constatado que 88% das mulheres já sofreram violência psicológica e que 71% dos casos foram testemunhadas por alguém sejam adultos ou crianças. Em grande parte dos casos, os filhos das vítimas foram as testemunhas. A pesquisa também revela que 40% das testemunhas não tomam nenhuma medida para ajudar no momento da agressão.

 O feminicídio não é um problema privado: é uma violência estrutural, fruto do machismo, da desigualdade e da ausência de políticas públicas eficazes. Combater essa realidade exige proteção, educação, acolhimento e investimento do Estado, mas também exige uma sociedade vigilante e organizada.

Nesse dia 25 de novembro, foi celebrado o Dia Internacional de Luta Contra a Violênica à Mulher e a Intercel a Intersul conclamam a categoria e as empresas de energia a debaterem o tema, a se juntarem na luta e, mais que isso, agirem contra todas as formas de violência contra a mulher. Lutar contra o feminicídio é defender a vida e nenhuma vida pode ser deixada para trás.

 

 Como denunciar as diferentes formas de violência contra a mulher? 

 O ligue 180 é o principal canal de denúncia e acolhimento e funciona 24h por dia, todos os dias da semana. O site do Tribunal de Justiça de Santa Catarina também indica o 190 (Polícia Militar) para situações de emergência e o aplicativo PMSC Cidadão (disponível para Android e IOS). O Tribunal também informa que o Disque Denúncia 181 (Polícia Civil) também aceita denúncias anônimas e a Ouvidoria das Mulheres do Conselho Nacional do Ministério Público, pelo telefone 610 3315-9476 (WhatsApp) e e-mail ouvidoriadasmulheres@cnmp.mp.br também são canais seguros.

 Numa categoria majoritariamente masculina, de que forma os homens podem ajudar na luta contra a violência contra a mulher?

É público e notório que os homens tendem a ouvir mais outros homens do que as mulheres. É fundamental que os homens dialoguem com outros homens constantemente sobre o tema, seja com os filhos, com os irmãos ou com os pais dentro de casa, seja na roda de amigos ou no ambiente de trabalho. A violência contra a mulher só conseguirá ser exterminada de vez quando os homens tiverem a consciência de que as mulheres não são sua propriedade.

 Infelizmente, a lógica machista ensina aos homens desde muito pequenos, equivocadamente, que as mulheres são propriedade dos homens e que elas devem lhes servir. Homens precisam estar atentos e saber abordar outros homens quando do término de um relacionamento, indicando que a mulher pode sim dar fim a um relacionamento e tocar sua vida sem o companheiro. Homens precisam entender quando uma mulher não aceita as suas investidas e que é um direito dela essa recusa. Homens precisam alertar outros homens que as mulheres têm autonomia sobre seus corpos, com quem elas querem se relacionar ou deixar de se relacionar, bem como também têm autonomia sobre a roupa que querem vestir. E nenhum homem tem o direito de questionar, violar, apalpar ou fazer qualquer tipo de comentário sobre a forma como a mulher está vestida, sem o seu consentimento.

 Caso você perceba comportamento estranho ou violento de algum colega, amigo ou familiar, é preciso indicar que busque ajuda especializada e tratamento adequado urgente.

No ambiente de trabalho, ainda é necessário que os homens saibam respeitar as mulheres e não tomar nenhuma atitude que possa invadir sua intimidade ou liberdade. Piadinhas, brincadeiras, ironias também não devem ocorrer.

 A violência contra a mulher está presente no nosso dia a dia e precisa acabar! Nenhuma mulher merece ser violentada ou morta! Basta!

 Catarina Kasten, presente!

 

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