Celesc completa 70 anos sob ameaça

REESTRUTURAÇÃO APROVADA IGNORA TRABALHADORES E COLOCA CARÁTER PÚBLICO EM RISCO

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Crédito: Divulgação/Celesc

 A Celesc, maior empresa estatal de Santa Catarina, está prestes a completar sete décadas de existência no próximo dia 9, mas, em vez de celebrar apenas conquistas, o jornal Linha Viva destaca que os trabalhadores enfrentam um dos momentos mais preocupantes da história recente da companhia. Enquanto a Diretoria promove festividades e discursos sobre os 70 anos, avança silenciosamente um processo de reestruturação que fragiliza a Celesc Pública e contraria tudo o que os eletricitários catarinenses construíram ao longo de anos de resistência. O relato da aprovação da proposta de reestruturação das diretorias foi feito pelo Representante dos Empregados no Conselho de Administração, Paulo Horn, no Boletim do Conselheiro 96, na última semana de novembro e encaminhada por e-mail a todos os celesquianos. É de leitura necessária para toda a categoria o relato feito por Paulo em seu mais recente Boletim.

 Resistência que mantém a Celesc pública 

 No relato do Conselheiro eleito, ele lembra que, em um setor dominado por privatizações, a Celesc só permanece pública porque seus trabalhadores nunca deixaram de lutar. Mobilização, organização e disposição de enfrentamento sempre foram marcas da categoria. Foi assim que se consolidaram as Comissões de Gestão e Resultados, a participação no Conselho de Administração e na Diretoria — mecanismos que garantiram presença ativa dos empregados na defesa da empresa.

 Paulo lembra que essa história de resistência coletiva é justamente o que está em risco agora.

 Reestruturação aprovada sem diálogo e com graves consequências

 Desde meados deste ano, a Diretoria e o Governo do Estado insistem em uma reestruturação que, desde o início, apresentou falta de transparência, mudanças constantes e inúmeras perguntas sem respostas. Os trabalhadores se manifestaram na porta da reunião do Conselho de Administração, no prédio do Itacorubi, alguns meses atrás, solicitando diálogo antes da aprovação da proposta, mas, mesmo assim, não foram ouvidos e alguns pontos críticos nunca foram alterados. Entre eles, os seguintes destaques:

-Risco regulatório ao misturar as áreas de geração e distribuição sob uma mesma diretoria;

-Criação de uma diretoria voltada à gestão de terceirizados, abrindo caminho para a precarização dos serviços;

-Desmonte da Diretoria Comercial, único espaço onde o diretor é eleito pelos trabalhadores, reduzindo drasticamente a participação democrática dos empregados na gestão.

 Apesar de todas as denúncias e alertas dos sindicatos, dos empregados e de seu representante eleito, o Conselho de Administração aprovou a reestruturação. O único voto contrário foi justamente o do representante dos trabalhadores. Na Diretoria Executiva, conforme relato do Boletim do Conselheiro, a situação foi ainda mais grave: apenas o diretor eleito pelos empregados se posicionou contra a mudança, enquanto todos os outros — inclusive diretores oriundos da própria Celesc, mas indicados politicamente — apoiaram o projeto.

 Celesc se distancia de sua função pública 

 A reestruturação aponta para um modelo de empresa que se aproxima cada vez mais da lógica privatista: foco no retorno financeiro aos acionistas, aumento de terceirização, precarização do atendimento e perda da identidade pública construída ao longo de 70 anos.

É importante lembrar que a Celesc não é apenas uma distribuidora de energia. Ela é um patrimônio do povo catarinense, fundamental para o desenvolvimento do Estado é reconhecida justamente por sua capilaridade, respeito aos regionalismos e atuação pública. Transformá-la em uma empresa voltada ao lucro é abandonar esse compromisso. 

 Entre discursos comemorativos e ameaças concretas 

Ainda em seu Boletim, o Conselheiro lembra que nos Jogos da FAEC, na penúltima semana de novembro, a Diretoria investiu pesado na propaganda dos 70 anos da Celesc. Músi ca, vídeos, discursos e parabéns. Mas a pergunta que fica é: que empresa completará 70 anos no dia 9 de dezembro? E, principalmente: qual será o papel dos trabalhadores no futuro da Celesc?

 A luta continua 

 A aprovação da reestruturação é um ataque direto à Celesc Pública e aos seus trabalhadores. Não aceitaremos retrocessos que ameacem o caráter estatal da empresa, comprometam a qualidade do serviço ou reduzam o papel estratégico da Celesc no desenvolvimento de Santa Catarina.

 O movimento sindical reafirma seu compromisso com a defesa intransigente da Celesc Pública, com a participação dos trabalhadores e com a qualidade do serviço prestado à população. A luta continua — e será decisiva para o futuro da nossa empresa. Se necessário for, celesquianos e celesquianas estão dispostos a lutar por mais 70 anos em defesa da Celesc Pública e da qualidade dos serviços prestados à população catarinense! 

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