A vida em preto e branco

Morre o gênio Sebastião Salgado: brasileiro referência mundial em fotografia

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Imagem: Reprodução/instagram @sebastiaosalgadooficial

Sebastião Salgado, um dos maiores e mais premiados fotógrafos do mundo, faleceu na sexta-feira, 23 de maio, aos 81 anos de idade. Nascido em 1944 na cidade de Aimorés (MG), capturou imagens icônicas em mais de 100 países diferentes através de seu olhar em preto e branco. 

Ao longo da carreira, Salgado presenciou distintos ambientes: fenômenos naturais raros, guerras, e a degradação do ser humano. A população indígena brasileira também foi bastante registrada pelo fotógrafo. Seus maiores ensaios são o da Serra Pelada, o intitulado “Trabalhadores” e o “Êxodos”. Lutou pela dignidade das trabalhadoras e dos trabalhadores quando documentou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em diversos momentos, como na ocupação da fazenda Giacomet-Marodin, no Paraná, e no triste episódio do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará. Seu livro, “Terra”, que retrata a luta do MST pela reforma agrária, levou o prêmio Jabuti de literatura na categoria reportagem, em 1998.

Foto da Exposição Terra, de Sebastião Salgado – Foto: Sebastião Salgado

 Quando o MST realizou a maior ocupação da história do país, o fotógrafo Sebastião Salgado foi um dos primeiros a atravessar as cercas da fazenda Giacometi, em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, em abril de 1996. Naquela manhã de 17 de abril, já do lado de dentro da propriedade, Sebastião registrou o momento seguinte ao rompimento da corrente que mantinha fechada a porteira do latifúndio.

Ocupação da Fazenda Araupel, no Paraná, em 17 de abril de 1996 – Foto: Sebastião Salgado

Naquela manhã de 17 de abril de 1996, a golpes de foice, os sem-terra romperam a corrente que fechava a porteira e adentraram no latifúndio de mais de 100 mil hectares no Paraná. Hoje, a área abriga um complexo de assentamentos onde os agricultores produzem hortaliças, legumes, leite e outros alimentos que abastecem os municípios da região, como Rio Bonito do Iguaçu, Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul.

 Poucas horas depois da conquista no Paraná, em outro canto do país, 21 camponeses foram assassinados por policiais militares, em Eldorado do Carajás, no Pará. Sebastião viajou até lá e, de dentro da boleia de um caminhão, registrou os caixões enfileirados onde estavam os corpos dos camponeses. As imagens do velório, dos caixões e das lágrimas, também compõem a obra Terra.

Captura de Salgado após massacre de Eldorado – Foto: ArquivoSebastião Salgado

O fotógrafo morava na França nas últimas décadas, onde estava em cartaz com uma exposição em Deauville, e deixou dois filhos, Juliano e Rodrigo, além de dois netos, Flávio e Nara. Segundo relato de um amigo próximo à Folha de São Paulo, ele enfrentava complicações de saúde decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990, em uma das expedições com sua câmera, na Indonésia. 

Com informações: Brasil de Fato. 

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