Capital de Santa Catarina, Florianópolis elegeu somente uma pessoa não branca à Câmara de Vereadores em 2024

Primeira mulher indígena no pleito, Ingrid Sateré-Mawé (Psol) foi a única pessoa não branca eleita. A professora e bióloga somou 3.430 votos para assumir cargo

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Imagem: Instagram Ingrid Sateré-Mawé/Reprodução

 Capital do estado brasileiro com maior percentual de pessoas brancas (76,3%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Florianópolis elegeu apenas uma representante não branca na Câmara Municipal de Vereadores na eleição do dia 06 de outubro de 2024.

 Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no pleito anterior, em 2020, Florianópolis já havia sido a única cidade dentre todas as capitais do país a eleger 100% de pessoas brancas (sem contabilizar mandatos coletivos e co-vereadores). 

 A única representante não branca foi a Ingrid Sate ré-Mawé, uma mulher indígena, cisgênero, pansexual e portadora de fibromialgia, eleita pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). 

A mais nova vereadora possui, dentre suas pautas, o comprometimento com: a agenda política feminista, an tirracista, LGBT inclusiva e anticapacitista. Em 2018, ela foi a primeira mulher indígena a concorrer ao governo de Santa Catarina. 

Nas eleições deste ano, 295.592 votos foram computados na capital. Para a prefeitura, o eleito foi Topázio Silveira Neto (PSD) com 161.839 votos, o que representa 58,49%, seguido por Marquito (Psol) com 61.509 votos (22,23%).

 Os 5 vereadores com maior número de votos foram: Gemada, do PL, com 6.968 votos; Manu Vieira (PL) – 6.727 votos, Afrânio Boppré (Psol) – 6.061 votos, Carla Ayres (PT) – 5.743 votos e Bericó (PL) – 5.476 votos.

 Conheça mais sobre a nova vereadora de Florianópolis através de uma entrevista ping-pong que a ativista concedeu ao Portal Catarinas no mês de setembro:

 

 Catarinas: Resuma sua trajetória de vida/militância e o que a motivou a disputar estas eleições?

 

 Ingrid: Tenho 36 anos, sou bióloga, professora, mãe de três filhos e liderança indígena. Minha trajetória de vida sempre esteve ligada à luta por justiça social, direito das mulheres e sustentabilidade. Fui a primeira mulher indígena a concorrer ao governo de Santa Catarina, em 2018. Também atuei como assessora na Câmara Municipal e no Congresso Nacional, representando os movimentos sociais. Dedico minha vida ao combate a cultura do estupro com um projeto educacional que leva a cultura da paz para alunos e professores das escolas públicas.

Catarinas: Quais personalidades políticas são suas referências? 

Ingrid: Sônia Guajajara, Marielle Franco, Erika Hilton, Adriana Guzman, Débora Pereira, Jussara Basso e Anielle Franco.

 Catarinas: Como pretende enfrentar discursos reacionários que comprometem a equidade de gênero e racial, especialmente na educação? 

Ingrid: Este trabalho é cotidiano e nunca para. Enquanto vereadora, pretendo seguir combatendo os discursos reacionários, assim como fiz até hoje. Vejo o espaço das redes sociais como bastante importantes para isso, através de denúncias e de dar visibilidade aos absurdos que têm sido feitos contra os nossos professores e educadores, bem como mostrar aquilo que temos feito de positivo e impactante na vida dos jovens.

Catarinas: Você tem propostas relacionadas à política do cuidado? Se sim, quais? Ingrid: Sim. Ampliar o número de vagas em creches em período integral, levando em conta as necessidades dos diferentes bairros da cidade. Criar novos espaços de convivência e lazer na cidade e fortalecer os que já existem, fazendo parcerias com projetos do terceiro setor. 

Entrevista completa em: https://catarinas.info/in grid-satere-mawe-e-a-candidata-pelas-mulheres-pelo–clima-e-pelo-futuro/

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