Na última quarta-feira, dia 27, trabalhadoras e trabalhadores da Celesc participaram de manifestação organizada pelos sindicatos da Intercel, no hall da Administração Central, protestando contra o projeto de reestruturação das Diretorias da empresa. A manifestação ocorreu no mesmo horário em que o Conselho de Administração debatia, no 5° andar, a malfadada proposta, que visa tão somente precarizar os serviços com o aumento da terceirização e preparar a estrutura da Celesc para a privatização.
Nas falas das lideranças sindicais que se revezaram ao microfone, a cobrança era para que a Diretoria chama os trabalhadores para debaterem o tema e o alerta de que, se consolidada, a mudança trará inúmeros prejuízos à sociedade catarinense. Os Diretores da empresa que são funcionários de carreira e votaram à favor da mudança de estrutura (Pilar Sabino, Cláudio Varella, Eloi Hoeffelder e Pedro Augusto Jr.) foram cobrados pela posição, considerada por muitos celesquia nos como traição aos trabalhadores, ao seu próprio emprego e à manutenção da Celesc Pública.
Os dirigentes sindicais lembraram que, um ano e meio atrás, os sindicatos buscaram a direção da empresa para debater problemas no sistema Conecte – antes de sua implantação -, não foram ouvidos pela Diretoria Colegiada, fazendo com que a categoria e a população catarinense pagassem o pato da incompetência e de decisões arbitrárias: “Estamos nos antecipando. Esse projeto pode ter um estrago ainda maior que o Conecte. Não é possível que novamente a Direção da Celesc queira tomar uma decisão desse porte sem dialogar com a categoria”, contestou um representante sindical. A Intercel questionou o fato de a atual Diretoria estar administrando a Celesc com a lógica de uma empresa privada, denunciando que esse foi o processo implementado em concessionárias públicas logo antes de serem privatizadas: “Parece que estão a todo momento buscando mecanismos para organizar a empresa para uma futura privatização”.
A Intercel também denunciou a tentativa de golpe para aprovar goela abaixo a nova estrutura, uma vez que a proposta de reestruturação foi pautada às pressas, sem diálogo, sem transparência e sem conhecimento dos trabalhadores: “Até duas semanas atrás, em reunião da Intercel com Diretores da casa, noticiada no Linha Viva, todos eles diziam que o projeto estava muito no início, que pouco conheciam sobre o assunto. Em duas semanas, eles se integraram completamente sobre o tema, aprovaram sem questionar e sem debate algum, sem divulgar as vantagens aos trabalhadores e colocaram para aprovação no Conselho? Por que será que isso está sendo tratado de forma sigilosa? Por que essa pressa toda? Por que não abrem para discussão? Coisa boa é que não deve ser!”
Na reunião do Conselho, o Representante dos Empregados, Paulo Horn, se manifestou contrário e criticou o projeto apontando ilegalidades e riscos ao atendimento à sociedade, aos direitos dos trabalhadores e ao próprio caráter público da empresa. A manifestação do representante dos empregados demonstra que a Diretoria tentou forçar a aprovação da proposta sem debate, o que configura um golpe contra a empresa pública. Os Conselheiros que representam os minoritários (EDP) também se manifestaram contra a proposta, apontando a falta de justificativas técnicas e a ilegalidade da tentativa de mudança imediata de atribuições entre diretorias, sem alteração do estatuto social e sem debate com a Assembleia Legislativa. Diante da pressão dos trabalhadores e da manifestação do Representante dos Empregados no Conselho de Administração, o projeto foi suspenso e será pautado para uma nova data, em breve. A categoria precisa permanecer unida e vigilante a qualquer nova movimentação sobre o tema, para impedir um projeto que significa a privatização da Celesc.