A diretora do Sinergia e presidenta da Federação Interestadual dos Urbanitários do Sul (FESUL), Cecy Marimon, participou, junto de dirigentes da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), da Federação dos Urbanitários do Centro Norte (FURCEN), da Federação dos Urbanitários do Nordeste (FRUNE), da Federação dos Urbanitários do Sudeste (FURCEN), do Sinergia CUT São Paulo, além de dirigentes da Fenatema, do II Seminário Setorial – Energia “Política industrial, transição justa e as políticas públicas”, em Praia Grande/SP, nos dias 03 e 04 de setembro. O Seminário faz parte de um projeto conjunto da Industriall Global União, Industriall Brasil, Dieese e conta com o financiamento da SASK.
A IndustriALL Global Union é uma federação sindical global, fundada em Copenhague em 19 de junho de 2012. A IndustriALL Global Union representa mais de 50 milhões de trabalhadores em mais de 140 países, trabalhando em todas as cadeias de suprimentos nos setores de mineração, energia e manufatura em nível global. No Brasil, a IndustriALL conta com sindicatos ligados às duas maiores centrais sindicais: a CUT e a Força Sindical.
Já o SASK, ou Centro de Solidariedade Sindical de Fin lândia (Suomen Ammattiliittojen Solidaarisuuskeskus), é uma organização de cooperação para o desenvolvimento do movimento sindical finlandês que promove o trabalho decente, salários dignos e a redução da pobreza e desigualdade em países em desenvolvimento. A SASK apoia o fortalecimento dos sindicatos e dos direitos dos trabalhadores em todo o mundo, realizando projetos em parceria com sindicatos em diversos países.
Os estudos apresentados pelo Prof. Nelson Hubner, consultor do Gesel e conselheiro indicado pelo governo na Eletrobras, pelo economista do Dieese Carlos Wagner Costa Machado, técnico da Subseção DIEESE no Sindieletro-MG e o professor Rubens Rosental, do Gesel, mostram que o processo de transição em curso no Brasil tem se resumido apenas a uma alteração da matriz elétrica, e que esse é um processo irreversível. A matriz elétrica brasileira, a mais renovável do mundo, tem sofrido alterações nas suas fontes, sendo que as fontes eólica e solar vêm num processo de crescimento exponencial e já representam cerca de 30% da energia produzida no país.
A Secretária Nacional de Políticas Sociais e Direitos Hu manos da CUT, Jandyra Uehara e o coordenador do MAB, Eng. Agrônomo Gilberto Cervinski apresentaram a mesa “Contrapartidas para uma Transição Energética Justa”, relatando as contradições do modelo de transição energética no mundo e no Brasil, com destaque para a precarização do trabalho da categoria eletricitária, aliado a impactos sociais e ambientais significativos. Por outro lado, apesar da grande participação dos estados do Norte e Nordeste no total de energia disponibilizada no Sistema Integrado do País, os territórios e comunidades afetadas pela implantação das usinas renováveis sofrem efeitos da pobreza energética. Estudos mostram que no Nordeste, como exemplo, cerca de 35% das famílias pobres gastam mais da metade da renda familiar com energia (eletricidade e gás de cozinha), o que impacta o seu parco orçamento, contribuindo para elevação dos índices de insegurança alimentar.
O Seminário foi concluído com a elaboração de um relatório amplo sobre a situação atual do setor elétrico brasilei ro, em tempos de transição energética, e um plano de ação para construção de diálogos que levem a voz dos trabalhadores e trabalhadoras, tanto do setor quanto dos territórios com relação a este tema.
Para Cecy, outra importante conclusão do seminário diz respeito à necessidade de articular e organizar a classe trabalhadora para, em 2026, enfrentar a extrema direita e eleger governantes e parlamentares mais alinhados aos interesses populares, de forma a inserir nas políticas públicas ações que priorizem o trabalho decente e contribuam para erradicar a pobreza energética e promover a justiça social e ambiental.