Insegurança na Celesc

TRIBUNA LIVRE | Por Mário Jorge Maia - Marinho, trabalhador aposentado da Celesc, dirigente do Sinergia

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 Em apenas um mês (20 de setembro a 21 de outubro de 2025), foram registrados 4 acidentes graves com trabalhadores terceirizados a serviço da Celesc.

 Os acidentes envolvendo terceirizados no setor elétrico em Santa Catarina segue sendo motivo de grande preocupação, evidenciando a vulnerabilidade dessa categoria em um ambiente de alto risco. Estudos mostram que, tanto no estado quanto em nível nacional, a terceirização está associada à precarização das condições de trabalho e ao aumento do número de ocorrências, inclusive fatais, quando comparadas às registradas com trabalhadores próprios.

 No setor elétrico, o ambiente de trabalho é naturalmente perigoso, com riscos de choque elétrico, quedas, incêndios e explosões. Somam-se a isso fatores agravantes como falhas de equipamentos, uso inadequado de materiais, falta de EPIs e EPCs, frota sucateada, déficit de trabalhadores, alta rotatividade entre terceirizados, falta de treinamento e sobrecarga de trabalho, elementos recorrentes que contribuem para a ocorrência de acidentes.

 Os sindicatos que compõem a Intersindical dos Eletricitários de Santa Catarina – INTERCEL, alertam para a crescente vulnerabilidade dos terceirizados e para o aumento da precarização e dos riscos decorrentes da privatização e da terceirização. Mesmo após o acordo firmado em 2012, fruto de Ação Civil Pública do Ministério Público do Trabalho, as ações e a fiscalização da Celesc seguem insuficientes.

 Para agravar o cenário, a empresa contratou a consultoria DuPont para supostamente transformar a “cultura de segurança” interna. Entretanto, uma breve pesquisa na internet revela que a empresa possui histórico de condenações no Brasil relacionadas à terceirização irregular e a acidentes de trabalho com terceirizados. O risco para a  Celesc é evidente, já que a legislação brasileira determina que a empresa contratante pode ser responsabilizada de forma subsidiária ou solidária pelos danos e encargos trabalhistas não pagos pelas terceirizadas. Não por acaso, as indenizações por mutilações e mortes de trabalhadores têm saído dos cofres da Celesc.

 Essa sangria financeira, resultado de políticas e decisões do Governo do Estado, sob Jorginho Mello e da atual diretoria da Celesc, precisa ser interrompida. É necessário avançar com ações regressivas contra gestores e responsabilizar no CPF o ordenador de despesas. Só com responsabilização civil e criminal de quem precariza o trabalho e contribui para o sofrimento da classe trabalhadora e de suas famílias será possível construir um ambiente de trabalho realmente digno e seguro.

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