Nascido em Porto Alegre no dia 26 de setembro de 1936, Luis Fernando Verissimo morreu no dia 30 de agosto, em decorrência de complicações que uma pneumonia causou. Era filho de Erico Verissimo, e assim como o pai, foi autor de obras consagradas na literatura brasileira como: “O Analista de Bagé (1994)”, “As Mentiras que os Homens Contam (2000)” e “Comédias para Ler na Escola (2001)”. Com humor, ironia e observações inteligentes retratava através de suas crônicas o cotidiano da vida comum. Luis transformava situações banais — como conversas em bares, relacionamentos, política, futebol, costumes e até pequenas manias — em textos leves, profundos e críticos ao mesmo tempo.
Dentre seu cotidiano, há a crônica “Cuia”, presente na obra “O Analista de Bagé”, que mostra o hábito do analista (psicólogo) de Bagé de receber os pacientes oferecendo chimarrão, acreditando que a roda de mate ajuda a conversa a fluir. Em uma das consultas, um jovem elogia a cuia usada pelo analista e começa a segurá-la por tempo demais, enquanto o diálogo avança. Aos poucos, o paciente revela sofrer de cleptomania — mania de roubar objetos. O analista, no entanto, mais preocupado em recuperar sua cuia do que em ouvir o relato, exige a devolução. Depois disso, nunca mais compartilha o chimarrão nas sessões, garantindo que a cuia fique apenas em suas mãos.
Durante a ditadura militar brasileira, Verissimo driblava os órgãos repressores com “A velhinha de Taubaté”, uma personagem apresentada como “a última brasileira que ainda acreditava no governo militar”. Ingênua e otimista, ela servia como metáfora irônica para expor o contraste entre o discurso oficial e a realidade do país, permitindo que Verissimo criticasse o regime com humor e sutileza. Até hoje, seu nome é lembrado como símbolo de quem confia cegamente nas versões oficiais.
Já na crônica “A Foto”, Verissimo mostra uma família reunida para registrar um retrato com os bisavós, já que o patriarca estava prestes a morrer. O momento, que deveria ser simples, acaba revelando disputas, ciúmes e provocações entre os parentes sobre quem ficaria encarregado de tirar a foto e, portanto, de fora da imagem. No fim, o próprio bisavô resolve a situação: pega a câmera, tira a fotografia e encerra a confusão, em uma cena que expõe com humor as tensões escondidas nas relações familiares.
O autor de mais de 70 obras que venderam aproximadamente 5,6 milhões de cópias partiu tranquilo, segundo os familiares, assim como sempre viveu e demonstrou em suas escritas. Agora marcado eternamente como o cronista das nossas miudezas.