A Intercel, através de monitores da Rede Vida Viva, aplicou na Assembleia Estadual em Concórdia, em 2 de agosto, a ferramenta da Rede chamada Mapping (Mapa do Corpo). O objetivo era levantar durante a Assembleia os agravos físicos e emocionais da categoria. Desde 2005, os sindicatos vêm dialogando e implantando o projeto em vários locais de trabalho. O resultado disso foi exposto na Assembleia Estadual numa mostra fotográfica da atuação em dez Regionais da Celesc, com participação nas oficinas de 60% da categoria.
De acordo com Mário Jorge Maia, monitor da Rede, “hoje vivemos um momento delicado para a classe trabalhadora, a relação capital X trabalho cada vez mais se utiliza de novas ferramentas para ir além da força física, atingindo em cheio a saúde mental. Isso vem provocando um alto índice de adoecimento em todas as categorias. Com o surgimento de metas a alcançar, produtividade e a ferocidade pelo lucro incessante, o individualismo se fortalece, a disputa entre os trabalhadores aumenta e as doenças aparecem”.
A Rede Vida Viva estimula análises que provocam o pensar sobre as prioridades de nossa vida e como realmente as praticamos no cotidiano. Vem quebrar com essa lógica imposta aos trabalhadores, recuperar o pensar e o agir coletivo e não mais o individual. Através de desenhos de seus corpos, do seu local de trabalho e do mundo que os cerca, vão identificando suas dores provenientes do trabalho e de onde elas surgem. Enfim, a Rede Vida Viva cumpre com o objetivo de dialogar sobre a tríade vida, saúde e trabalho, fortalecendo a organização no local de trabalho e a construção de uma prática cotidiana que valorize o ser ao invés do ter. Ainda de acordo com Mário, “foi muito intenso aplicar a ferramenta do Mapping na Assembleia, a apresentação para os trabalhadores em que a maioria não conhecia a Rede, pois desde outubro de 2019 não temos mais a cláusula em nosso ACT, onde buscamos através das oficinas nas Regionais levantar os problemas e achar as soluções sendo os trabalhadores sujeitos das ações”.
Nas oficinas realizadas com dinâmicas fazendo a categoria debater a tríade VIDA, SAÚDE e TRABALHO de forma lúdica, a apresentação de cada um indica o conhecimento de sua saúde através do mapa do corpo, de sua rotina de trabalho através do mapa do trabalho e de sua vida com o mapa do nosso mundo. Essas dinâmicas buscam a identificação de problemas, a troca de experiências, conhecer o outro e buscar soluções coletivas.
A pesquisa participativa permite que esses trabalhadores tracem ações efetivas de mudanças e cobranças para mudar a realidade no dia a dia de cada um como pessoa e trabalhador. “É lindo ver o crescimento das pessoas”, explica um monitor da Rede presente na Assembleia de Concórdia.
No acordo judicial da Ação Civil Pública entre Celesc, sindicatos e Ministério Público do Trabalho, a cláusula da Rede Vida Viva cumpre o item 7 do Acordo. Porém, em função de ideologia política, desde 2019 a Celesc vem descumprindo o Acordo Judicial. Com a aplicação da pesquisa na Assembleia, os mapas dos corpos dos celesquianos mostram uma grande incidência do adoecimento mental e físico da categoria nos mais diversos cargos na empresa, com maior intensidade nos atendentes comerciais – em função da implantação do sistema Conecte. “O descaso da diretoria com saúde e segurança dos trabalhadores é notória, pois onde passamos sempre existe uma cobrança, seja de assédio ou falta de EPI/EPC, a diretoria tem que deixar de inventar relatórios e enxergar a realidade mostrada nos mapas. Prevenir é melhor que remediar, é ser responsável e cumprir com as legislações referente a saúde e segurança”, conclui Mário.
Os sindicatos da Intercel estão e sempre estiveram à disposição para construir saídas e alternativas com proposições preventivas e muito mais baratas que certas ferramentas como APPs e pesquisas que não funcionam com a categoria.