Na semana passada, os jornais relataram o apagão na torre do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que ficou por mais de uma hora e meia sem energia. A explicação dada pelas autoridades dá conta que a causa seria um problema externo, ou seja, falha da distribuidora de energia local, a ENEL, que esteve nos holofotes (negativos) dos telejornais de todo o país poucos meses atrás, por conta do péssimo atendimento a diversos municípios da região metropolitana de São Paulo, após uma tempestade de verão.
O que vemos nesse caso é um retrato fiel da privatização, que assola o setor elétrico nacional: enquanto em países considerados potências mundiais o setor de energia é visto como setor estratégico, no Brasil, os últimos quatro anos de um governo conservador e deveras liberal na parte econômica, o que se viu foi a venda desenfreada das estatais de energia (Eletrobras e parte da Petrobras) para o setor privado.
Vamos aos fatos: a cidade de Campos Novos, no Meio Oeste catarinense – com pouco mais de 36.000 habitantes -, ficou com sua rua central em 20 de fevereiro, uma terça-feira, sem energia elétrica em plena luz do dia, sem condições climáticas adversas (temporal, ciclone, tufão ou tornado). Foram mais de oito horas sem luz, após a queima de um transformador que atende a região central do município.
Quem conhece a realidade dos municípios do interior sabe que nas ruas centrais ficam localizados os maiores comércios, prédios públicos e bancos. No caso de Campos Novos, na rua atingida fica uma das principais rádios da cidade e o IML local.
No SPOM de Campos Novos ficou apenas uma equipe para atender todas as emergências do município e alguns munícipios vizinhos. Naquele belo dia de sol, a equipe responsável pelo atendimento estava na área rural atendendo outra emergência. A nota reclamatória da região central de Campos Novos foi aberta logo pela manhã e a dupla de plantão, assim que concluiu o atendimento na área rural, foi despachada para atender a região central da cidade.
Após fazer o teste, foi descoberto que o transformador estava queimado. Dessa forma, o COD avisou o pessoal da manutenção da Celesc, que fica na Agência Regional de Joaçaba, para assim acionar a equipe do caminhão e efetuar a troca do transformador. Entre a abertura da Nota Reclamatória (NR) e a resolução do problema se passaram quase oito horas.
Esse é o resultado da política imposta pela atual Diretoria da Celesc. Mas esse plano vem de longa data, com a redução das equipes de atendimentos, falta de investimentos fortes em comunicação, desmonte das equipes de manutenção e consumidores que, a cada dia, ficam mais inconformados ligando para políticos, que usam dessa fragilidade da empresa como palanque político e campanha para privatização da Celesc.
A ENEL conseguiu deixar um dos aeroportos mais movimentados do país às escuras e a Celesc está indo a passos largos pelo mesmo rumo. Os canais oficiais da Celesc sequer explicaram à população de Campos Novos sobre o ocorrido.
A Diretoria da Celesc precisa ser responsabilizada por seus erros. Uma política de consequência, quando aplicada somente para trabalhadores, não é isonômica, pois não inclui o corpo gerencial e muito menos as ‘altas lideranças’. A Intercel vai trazer à tona qualquer fato que aponte o sucateamento da Celesc e vise a sua privatização. Está mais do que na hora de recompor as equipes de emergência e expurgar as empresas terceirizadas, que brotam a todo o momento em todos os cantos do estado, nos mais diversos setores da Celesc.
“Celesc forte e eficiente” são palavras do governador do estado e do presidente da companhia. Porém, na prática diária, a Diretoria segue na contramão do que o governador encaminhou em sua campanha eleitoral e nas suas visitas pelo interior do estado.
Fortes e eficientes os trabalhadores da Celesc sempre foram. Esse jargão pertence a celesquianos e celesquianas. Cabe ao governador e a Diretoria da Celesc dar o respaldo e as ferramentas para que, com satisfação, possamos nos manter como uma das melhores empresas de distribuição do país.
Novo apagão em São Paulo na segunda-feira, dia 18
Um novo apagão atingiu a cidade de São Paulo na segunda-feira, dia 18, atingindo as regiões de Higienópolis, Consolação, Santa Cecília e Vila Buarque. O Hospital Central da Santa Casa foi um dos locais atingidos pelo apagão e foi obrigado a remarcar cirurgias e outros procedimentos de saúde. A companhia privada ENEL, responsável pela distribuição de energia na região, alegou um problema na rede subterrânea de Higienópolis. Mais um transtorno, dentre tantos que têm afetado a população da área metropolitana de São Paulo.