A atual Diretoria da Celesc é cheia de argumentos quando não quer conceder um aumento de centavos para a categoria eletricitária ou permitir que seja criado algum direito novo.
Entretanto, algumas decisões permitem questionar os argumentos da Administração, demonstrando que falta um planejamento correto na gestão da remuneração dos trabalhadores.
No último ano, vimos a desnecessária criação de uma nova Diretoria e de novos cargos com gratificação, às vésperas do início das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho.
Agora em abril, os Diretores assinaram deliberação que aprova alterações na Norma N-131.0001 – Plano Gerencial. Ela atualiza os valores de gratificações de gerências na empresa, alguns casos em até 45%.
A Intercel acredita que os gerentes mereçam sim o reconhecimento por seu esforço na empresa. Entretanto, a valorização e o reconhecimento deveriam estar expressos em uma política de remuneração clara e bem construída, abrangendo todas as gratificações, adicionais e direitos do Acordo Coletivo de Trabalho.
E também é preciso rever as estruturas. Há casos de chefias que não se justificam, enquanto em outros locais foram extintos cargos de gestão que são fundamentais. É preciso uma estrutura adequada às reais necessidades, e aí sim, remunerar bem estas atividades.
Mas é preciso uma valorização que sirva para todos.
Ao não pensar em uma política de remuneração clara e transparente, a Diretoria assume os ônus de posições discricionárias e levanta questionamentos da categoria. Porque reajustar gratificações e não reajustar adicionais? Por que não avançar em discussões que abrangem todos os trabalhadores, como a isonomia de direitos?
Com a falta de critério, o critério único é a vontade da Diretoria e isso é um grande problema. Afinal de contas, a categoria tem visto da Diretoria manifestações que demonstram que ela pouco conhece a realidade dos trabalhadores. Seja negando os evidentes problemas da precarização das condições de trabalho, seja não reconhecendo a necessidade de garantir uma remuneração justa a todos.
Uma coisa fica clara: o custo de pessoal não pode mais ser um discurso para negar avanços coletivos. Não quando a Diretoria demonstra que há sim espaço para valorizar os trabalhadores.