Em junho de 2022, a Eletrobras foi privatizada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) em meio a um processo cheio de irregularidades. Estratégica para a soberania nacional, o governo de plantão entregou a empresa à iniciativa privada, colocando em risco a segurança energética do país e tirando do Estado o controle sobre as tarifas de energia, o que impacta diretamente o bolso do povo.
Três anos depois, os efeitos da privatização são evidentes. Para manter os lucros altos, a atual gestão tem reduzido manutenções, aumentando o risco de apagões em todo o território brasileiro. Ao mesmo tempo, corta drasticamente o quadro de trabalhadores, gerando ambientes de pressão, assédio moral e adoecimento.
A privatização da Eletrobras é um dos maiores crimes contra o patrimônio público brasileiro. Mesmo com o governo federal sendo o maior acionista, com cerca de 40% das ações, tem direito a apenas 10% dos votos nas decisões, uma regra imposta durante a privatização.
Diante dessa distorção, o governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT) buscou um acordo com a empresa para tentar manter algum grau de influência, o que, na prática, significou abrir mão da reestatização da Eletrobras neste momento.
O cenário no setor é grave. O Brasil precisa de um debate sério sobre o futuro da energia. É urgente recuperar a capacidade de planejamento de longo prazo e o investimento público no setor. Além disso, é fundamental retomar empresas estratégicas, como a Eletrobras, e colocar sua atuação a serviço do povo, e não do lucro.
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IMPACTOS INTERNOS DA PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS NA CGT ELETROSUL
A privatização da Eletrobras acabou com os investimentos da empresa. Desde 2016, com a entrada de Michel Temer (MDB) na presidência do Brasil a partir do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), a empresa não investe mais em novas instalações e passou para o papel de coadjuvante no desenvolvimento do setor elétrico bra sileiro no sul do Brasil.
Esse cenário é totalmente oposto aos anos que antecederam a privatização, quando a empresa crescia com força, garantindo direitos e respeito às pessoas que trabalhavam nela. De 2002 a 2015 a então Eletrosul cresceu sete vezes, mantendo praticamente a mesma quantidade de pessoas empregadas.
Já no prelúdio da privatização, teve negado o aporte da Eletrobras para participação do Lote A, que dobraria a receita com incremento de 30% do tamanho da empresa. Já estava sendo puxado o tapete para que, posteriormente, fossem criadas as condições para a privatização, com o argumento de falta de capacidade de investimentos, entre outros.
Aliado a isso, ocorreu a reforma trabalhista, amplamente contrária aos interesses da classe trabalhadora, que abriu a possibilidade de se acordar abaixo do que estabelece a lei, para negociação direta com as pessoas hipossuficientes e com o enfraquecimento do movimento sindical com a possibilidade destas negociações diretas.
A privatização da Eletrobras tentada por Temer e concluída por Bolsonaro, aliada à reforma trabalhista realizada por Temer, levaram as pessoas que trabalham na CGT Eletrosul à precarização de todas as condições de trabalho, desde mudanças nas rotinas, ameaças de demissões, retaliações, redução de direitos no Acordo Coletivo de Trabalho, demissões e redução de salários.
A gestão financeirista da empresa, que visa somente atender o lucro dos acionistas a todo custo, que transformou a empresa, deixando de ser protagonista no setor elétrico brasileiro, continua tentando piorar a situação das pessoas que construíram esse patrimônio.
A falta de perspectiva de investimentos, aliada à destruição da estrutura da empresa, como referência do setor elétrico, faz com que as pessoas percam o interesse em fazer parte do seu corpo de força de trabalho. Nem as novas contratações se sentem contempladas com as promessas feitas, muitas vezes optando por outras oportunidades.
Para a CGT Eletrosul, a privatização da Eletrobras foi uma tragédia que parece não ter fim e está longe de chegar ao fundo do poço. (Des)Governos, como os de Temer e Bolsonaro, têm espelhado suas características no estado de Santa Catarina, na gestão Tarcísio Rosa, que parece estar fazendo força para deteriorar a imagem da Celesc, para posteriormente privatizar a empresa.
Contudo, o movimento sindical eletricitário do sul continua na luta para que a Celesc, como também a Cemig, em Minas Gerais, não sejam privatizadas e, portanto, esse modelo de precarização não ocorra mais no Brasil.
Continuamos lutando para que as pessoas possam continuar com seus direitos e os efeitos da privatização sejam minimizados. O movimento sindical está atento e f irme, na busca de avanços para todas as pessoas, tentando equiparar os salários, diminuir as diferenças e, assim, melhorar as condições de trabalho.