A luta por isonomia de direitos é uma mobilização contínua e coletiva. Ela envolve a compreensão de que apenas unificando forças é que os trabalhadores avançam. Por isso, não surpreende os celesquianos o fato do presidente da Celesc, Tarcísio Rosa, atacar o direito dos trabalhadores.
Tarcísio não reconhece a categoria e, em suas falas sobre a busca pelo anuênio nesta campanha de data-base, deu a entender que ninguém pode lutar por melhores condições de remuneração. Ao trabalhador resta conformar-se com a precarização, enquanto acionistas enchem os bolsos, ano após ano, às custas destes mesmos trabalhadores.
Durante a greve, Tarcísio concedeu uma entrevista à TV na qual afirmou que a discussão do anuênio era uma surpresa, pois teria havido consenso para a cisão do direito em 2016. Lamentavelmente, o presidente utiliza o poder e o espaço na mídia para mentir, enquanto nós, a quem não é facultado o mesmo espaço, precisamos correr atrás para desmentir essa visão distorcida.
Agora, o Boletim do Conselheiro trouxe novamente a questão à tona, já que o presidente repetiu o mesmo relato insano e equivocado do Conselho de Administração.
Em 2016, os trabalhadores da Celesc realizaram um grande movimento de greve. Foram 10 dias de negociação, iniciada com uma proposta de reajuste zero, retirada de direitos e ataques aos trabalhadores. O impasse culminou em uma mediação no Ministério Público do Trabalho, que resultou na manutenção dos direitos para todos os empregados que estavam na empresa à época, além de um reajuste acima da inflação.
É preciso compreender o contexto daquele momento. Em 2015, a Celesc havia renovado a concessão, ficando submetida a metas financeiras e de qualidade extremamente agressivas. A necessidade de melhorar o serviço prestado e, ao mesmo tempo, cumprir exigências financeiras trouxe uma situação complexa: era necessário recompor o quadro de pessoal sem comprometer as metas.
Foi nesse contexto que a negociação do ACT trouxe a cisão de direitos, que não foi aceita nem consensuada, mas sim consequência de um movimento que manteve viva a possibilidade de luta coletiva.
Como em toda greve, chega um momento decisivo em que os trabalhadores avaliam riscos e definem o desfecho do movimento. Assim, o anuênio deixou de ser uma cláusula do ACT, tornando-se, desde então, uma das principais bandeiras de luta dos celesquianos.
Da mesma forma, ocorreu o congelamento da progressão por merecimento do PCS que, retomada em 2021, trouxe junto a reestruturação da carreira e a conquista do salário inicial, hoje novamente atacado por esta diretoria.
Tarcísio afirma que não se pode falar em isonomia porque todos os que ingressaram após a greve de 2016 já sabiam que não teriam o anuênio. Mais do que um individualismo cego, essa postura ignora as contribuições que os celesquianos vêm dando, ao longo do tempo, para que a empresa cumpra metas da concessão e continue prestando um serviço de qualidade à sociedade.
O contexto atual é outro. O alarmismo em torno da sustentabilidade econômico-financeira da Celesc não decorre de um grande risco à concessão, nem de uma preocupação genuína com a qualidade do serviço ou com uma suposta “quebra” da empresa. A Celesc está longe de estar em risco, afinal, uma empresa que lucra mais de R$ 500 milhões não está prestes a quebrar.
O que está em jogo é a velha luta de classes: garantir melhores condições de trabalho, remuneração e vida para os celesquianos significa reduzir o lucro dos acionistas.
Mas por que os accionistas podem reunir seu coletivo de ações para decidir aumentar seus lucros, enquanto os empregados, que geram esse lucro, não são reconhecidos como coletivo legítimo para defender seus direitos?
Por isso, a luta coletiva é tão importante. Somente através da mobilização organizada da categoria, por meio dos sindicatos, é possível avançar.
E é justamente porque temos na presidência da Celesc alguém que mente sem vergonha e ignora a história de contribuições dos trabalhadores que a isonomia deve continuar sendo uma pauta central para contrapor a insana ideia de que os trabalhadores não formam uma categoria coletiva.
Um individualista nunca vai compreender a luta dos celesquianos por isonomia. Mas é exatamente por isso que nunca deixaremos de lutar.

