Entra governo e sai governo e o enredo na Celesc parece se repetir a cada ano: os sindicatos entregam uma proposta de Acordo de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para a Direção da companhia, aguardam a negociação, a empresa em dado momento abre as negociações, mas leva o debate em banho-maria ou apresenta uma proposta indecente. A Intercel insiste no debate, a Direção não cede. Os sindicatos chamam a categoria para uma paralisação, os empregados demonstram nos portões da empresa sua insatisfação e, finalmente, a empresa apresenta uma proposta possível de negociação. O enredo de 2024 é o mesmo de 2023 e praticamente o mesmo de anos anteriores.
No ano passado, a Celesc enviou a contraproposta de Acordo de PLR às vésperas da Assembleia Estadual dos Empregados, em Pomerode. Os sindicatos tiveram que avaliar o documento às pressas para colocá-lo em votação durante a Assembleia, logo após uma forte paralisação.
Nesta quinta-feira, 18 de julho, o roteiro parece seguir à risca o ocorrido em 2023: celesquianas e celesquianos paralisarão suas atividades, externalizando para a sociedade seu descontentamento e cobrarão da Celesc a retomada das negociações da PLR 2024.
Dessa vez, a Intercel encaminhou uma primeira proposta de PLR e pediu o início das negociações ainda em dezembro de 2023, sem sucesso. A empresa fez algumas rodadas de negociação em 2024, com a clara demonstração de que pretendia adiar o fechamento do Acordo de PLR o máximo possível. Chegou a indicar que teria uma nova metodologia a ser apresentada para a Intercel, prometeu no final de maio encaminhar uma Nota Técnica e, há mais de um mês faz silêncio absoluto sobre o tema.
Nas últimas edições do jornal Linha Viva, a Intercel cobrou da Direção da estatal o encaminhamento da Nota Técnica prometida em maio, sem sucesso. Foi alertado que a categoria estava insatisfeita com o descaso da Celesc.
Não é demais recordar que celesquianas e celesquianos passam por um momento delicado em sua jornada de trabalho. A mudança do sistema comercial da empresa, feita de forma atabalhoada pela atual Diretoria, sem treinamento adequado, sem uma organização mínima, tem exigido demais dos funcionários. São centenas os casos de trabalhadores adoecendo para dar o seu melhor no atendimento à população. Também são centenas os trabalhadores que se desdobraram em horas extras para bem atender e prestar o melhor serviço à sociedade catarinense – ainda que o sistema não ajude. Empregados das mais diversas áreas se sobrecarregam e têm de mudar sua rotina pessoal por conta do sistema Conecte. O mínimo que se esperava da atual Diretoria era o reconhecimento a todo esse esforço e empenho. Esse reconhecimento poderia ter vindo nesse momento, com uma negociação séria, cumprindo prazos estabelecidos e entregando uma contraproposta decente, que, de fato, reconhecesse todo esse esforço.
Do mesmo modo, a categoria espera que a Diretoria não apresente uma contraproposta indecente de PLR, indicando a redução da linearidade ou qualquer proposta que indique uma PLR maior a quem tem os maiores salários e uma PLR menor a quem ganha menos. Afinal, os menores salários na empresa são, hoje, os que mais sofrem com a mudança de sistema – com ofensas e reclamações duras da população.
A paralisação deste dia 18 de julho pretende dar um recado a todos os diretores e diretora da empresa: que se apressem para entregar uma contraproposta digna de PLR 2024, reconhecendo aqueles e aquelas que mantiveram a empresa em pé diante de toda a turbulência dos últimos meses. E que agendem, o quanto antes, a reunião solicitada pela Intercel em maio para debater o recurso da PLR 2023.
Chega de enrolação! Queremos a contraproposta já!
ATENÇÃO:
Ao contrário da informação que circula em grupos de Whatsapp entre a categoria, a PLR 2024, se não negociada neste ano, não terá validade o Acordo de PLR do ano passado. Ou seja, não havendo negociação da PLR 2024 e um Acordo de PLR firmado, não haverá pagamento de PLR 2024 para a categoria. É importante que celesquianas e celesquianos tenham isso em mente.