As duas primeiras rodadas de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) dos empregados do grupo Eletrobras foram muito ruins. A primeira reunião, em 2 de abril, começou com a terceirização das negociações, já que a direção da empresa contratou um escritório de fora para negociar, demonstrando enorme desrespeito com a categoria e total falta de empatia. Entre as cláusulas debatidas, a direção da empresa apontou para redução salarial de cerca de 12,5% para aqueles que ganham menos (até R$15.572,04), precarização do plano de saúde, gratificação de férias conforme a CLT, retirada de ticket natalino e até proposta de práticas antissindicais como a restrição formal da entrada de dirigentes sindicais nas dependências do grupo Eletrobras.
Fechada a primeira rodada, o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) chamou a categoria para uma mobilização (assembleias de norte a sul com rejeição dos termos apresentados, adesão à campanha Abril Verde por respeito à vida e indicativo de paralisação em algumas bases), o que surtiu alguns efeitos. A segunda rodada foi realizada no dia 9, com o recuo por parte da empresa, que aceitou a prorrogação do acordo por mais 30 dias, passando de 30 de abril para 30 de maio a validade do ACT.
O CNE repudiou a comunicação falaciosa da Eletrobras, que apresentou informações aos empregados que não haviam sido colocadas em mesa, como indenização em caso de redução salarial e alegação de que há garantia do emprego. Mas a empresa prontamente colocou que NÃO HÁ GARANTIA DE EMPREGO, e que a comunicação realizada foi equivocada, corroborando com a visão das entidades sindicais nas assembleias e comunicados emitidos.
Um dos pontos esclarecidos é que a redução de 12,5% na rubrica folha de pessoal pode ser alcançada de outras formas e que isso deveria ser objeto da negociação. Para tanto, o CNE solicitou que a Eletrobras apresentasse as rubricas atuais que compõem a folha de pessoal. Se supostamente é necessário fazer ajuste, mais necessário ainda é conhecer quais são as possibilidades de ajuste. E não adianta fazer ajuste de um lado para aumentar o gasto do outro.
Além disso, o CNE entende que ajustes, se necessários, devem valer para os dois lados da balança. Jamais deverá pesar para o lado mais fraco da relação de trabalho. A defesa dos salários e dos direitos das pessoas trabalhadoras é a primeira pauta do Acordo Coletivo.
As próximas rodadas de negociação entre a representação da Eletrobras e o CNE foram agendadas para os dias 23 e 24 de abril e 7 e 8 de maio. É importante que a categoria permaneça mobilizada e atenta aos informativos do CNE.