Não é novidade para ninguém os imensos problemas trazidos pelo novo sistema comercial empurrado goela abaixo dos celesquianos e celesquianas.
Mas, para mim, essa foi novidade. Meu trabalho não era responder à reclamação, mas o SAP tanto fez que agora é. Com muito pouco treinamento, basicamente só um passo a passo, comecei a tratar ouvidorias, e não imaginava o que estava por vir.
O caos está em toda a parte nesse sistema. Não há como alegar que ele estava pronto para funcionamento, para o fatídico “Go Live”. Nem as tarefas mais básicas ele é capaz de cumprir por completo. Uma ordem de débito automático é demais para ele processar, nem a data de vencimento que sai impressa corresponde à que consta no sistema, muito menos o valor a ser pago. Uma desordem sem precedente na nossa empresa.
Hoje fui analisar o caso de uma pessoa que pagou sua conta de luz duas vezes e, ainda assim, o sistema não deu baixa na fatura. Fui tentar achar o que deu errado, e o que vi me surpreendeu: o nosso querido “SAP-vai-resolver-tudo” em vez de compensar o pagamento da conta devolveu os valores como se fossem créditos em meses posteriores. E como o saldo pago já havia sido devolvido só me restou responder: Pague sua conta novamente.
Como pode uma coisa dessas? Como pode um sistema tão incapaz ter sido colocado em produção para um serviço essencial de um estado todo? Avisado foi. Sabido era. Um pagamento em duplicidade significa que o sistema teve duas chances para processar corretamente o pagamento da conta, e nas duas ele errou. Como pode a única resposta que nos resta dar ao cliente ser “Tente outra vez”? Como um cliente pode confiar nessa empresa? Como ele vai acreditar que o próximo pagamento vai cair direitinho? Como a gestão atual tem a coragem de nos deixar, trabalhadores e trabalhadoras, de mãos tão fortemente atadas a ponto de que um catarinense acabe ouvindo que precisará pagar sua conta pela TERCEIRA VEZ?
Essa era uma empresa de qualidade. Entre as melhores do país há anos. Não é mais. Desde que “virou a chave”, o SAP nos trancou por fora. Só nos resta arrombar essa porta, para mostrar para a população catarinense que a celesquiana e o celesquiano querem voltar a atender com a mesma qualidade com que sempre trabalharam.