Celesc, empresa pública?

TRIBUNA LIVRE | Por Lucas Henrique da Silva, trabalhador da Celesc e dirigente do Sinergia

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 Há tempos os sindicatos da Intercel vêm denunciando a gestão privada e privatista da Celesc. Para os trabalhadores, o assunto não é novidade. Apesar de ser uma empresa pública, onde o governo do estado de Santa Catarina detém a maioria das ações ordinárias, aquelas que dão direito a indicar membros do Conselho de Administração, sua gestão não difere de uma empresa qualquer listada na bolsa de valores. Isso porque a companhia vem dificultando a contratação de pessoal, principalmente da área operacional – em especial, eletricistas – e vem implementando uma política danosa de ampliação da distribuição de dividendos. 

Para o orçamento de 2025, os sindicatos denunciam que não há sequer um centavo para a contratação, o que deve prejudicar sobremaneira as operações que são o coração da companhia. Sai perdendo nessa jogada a sociedade catarinense, que não terá à disposição eletricistas bem treinados que há anos vêm realizando o atendimento à sociedade e trazendo para a Celesc os prêmios que a companhia recebe. 

Não bastasse isso, desde maio de 2024 a empresa passa por uma séria crise no atendimento comercial. As lojas de atendimento estão lotadas desde a implementação de um novo sistema comercial, o famigerado Conecte (SAP Hanna). A falta de planejamento adequado para a implementação e a demora na solução dos erros do sistema acentuaram os problemas decorrentes da falta de pessoal, que já eram aventados pelos sindicatos há alguns anos. 

Apesar de todo esse histórico, como pedidos de demissão por não suportarem a carga extenuante de trabalho, frota de veículos envelhecida, entre outros, a diretoria da companhia e seu Conselho de Administração dão de ombros para o que ocorre na Celesc. Aprovam a compra de caminhonetes com escada giratória, ampliam a terceirização, aumentam a distribuição de dividendos e não fazem as contratações necessárias para a manutenção da prestação de serviço de qualidade que a Celesc sempre realizou. 

Na segunda-feira passada, 24 de março de 2025, a companhia informou aos acionistas a distribuição de dividendos de mais de 60 milhões de reais. É ou não é um escárnio para com os trabalhadores e a sociedade catarinense? 

Enquanto os clientes amargam por horas nas filas das lojas de atendimento para resolver problemas que a própria Celesc causou, os trabalhadores enfrentam o descaso para com suas demandas, muitas inclusive referentes ao desenvolvimento do trabalho. 

A Celesc continua, ou não, uma empresa pública? A política de gestão implementada pelo governador Jorginho Mello, com seu indicado Tarcísio Rosa e, vejam só, inclusive pelos diretores que são funcionários de carreira da companhia, é de uma gestão PRIVADA, que prioriza a remuneração dos acionistas em detrimento da Celesc Pública. 

Aos trabalhadores, mais do que a mera indignação com o estado atual de coisas, é preciso somarem-se às lutas que virão. É preciso se filiar aos sindicatos que fazem a luta em defesa da Celesc Pública. 

Com muita luta, os sindicatos conseguiram marcar para o próximo 9 de abril uma audiência pública que será realizada na ALESC, onde será possível debater com a direção da empresa o rumo e as políticas privatistas da gestão. É preciso desmascarar Tarcísio e sua diretoria, e defender a Celesc pública. 

Participem, filie-se ao seu sindicato e vamos à luta! 

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